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A minissérie britânica Adolescence estreou na Netflix há poucos dias e já está a fazer sucesso. A história centra-se em Jamie Miller, um miúdo de 13 anos que é detido pelo homicídio de uma colega de escola.
O início do episódio é muito bom, com cenas que cativam logo, não apenas em termos da detenção, mas também da interação entre os dois polícias responsáveis pelo caso. É incrível a forma como é fácil colocarmo-nos na pele das personagens e imaginar se se tratasse da nossa a ser “invadida” pela polícia numa altura em que ainda estamos a despertar. E pensei logo: tens 13 anos, a polícia vai-te buscar por homicídio e dizes que não fizeste nada. Chama-me a atenção o facto de o miúdo não perguntar quem é que morreu. Uma pessoa inocente, que não soubesse o que aconteceu, não quereria saber? No entanto, não fico a julgar automaticamente que ele é culpado, se bem que este pormenor nunca me saia da cabeça.
Owen Cooper, que dá vida a Jamie, estreia-se como ator nesta série e que excelente começo! O miúdo é extraordinário, mas há que dizer que os responsáveis pelo casting fizeram um excelente trabalho ao arranjar um ator que deve ter mesmo a idade (ou muito aproximada) da personagem e que parece realmente bastante novinho. Isto ajuda imenso a fazer sentir pena pelo que Jamie passa durante todo o processo inicial na esquadra. Pode já ser um adolescente, mas ainda tem aquele aspeto de criança. Ainda para mais, é parecido com um primo meu, o que ajuda a suscitar sentimentos de proteção em relação a ele. Cooper conseguiu ser perfeitamente convincente em todas as suas cenas e foram vários os momentos emotivos. No entanto, não consigo deixar de dar o destaque a Stephen Graham, que tem o papel do pai. A cena em que ele está ali, a ouvir (porque todos desviam o olhar) o filho a ser alvo de revista corporal, é absolutamente extraordinária. A sua expressão é estoica, mas conseguem perceber-se nele todas as emoções que é natural estar a sentir.
Desde o momento em que a polícia vai buscar Jamie a casa e começa o interrogatório, parece ter decorrido imenso tempo. Contudo, nem uma hora tinha passado. Isto é uma particularidade da série que confere um realismo muito interessante à história. O episódio é extremamente cativante do início ao fim e deixou-me várias vezes a imaginar-me no lugar das personagens e a ponderar sobre a natureza humana. Uma mãe ama um filho de forma incondicional, mesmo que ele faça uma coisa horrível, certo? Um pai nem sequer duvida a sério que o filho seja capaz de cometer um crime violento. Mesmo a irmã não acredita que Jamie possa ter feito alguma coisa.
Já sabemos o que aconteceu, mas desconhecemos ainda os contornos e penso que isso será a parte importante da série a partir daqui, a par da família a debater-se com o que está a acontecer a Jamie e o que isso implica para todos eles. A Netflix acertou em cheio com esta minissérie, que consegue trazer uma abordagem diferente ao já muito explorado género da investigação/crime. Não pela natureza do crime, pela culpabilidade ou inocência do seu acusado, mas pela sua juventude. Até há dois personagens que mencionam o quanto odeiam casos que envolvem menores!
Adolescence é a série ideal para uma maratona de fim de semana, porque não acredito que não sintas vontade de ver tudo de seguida assim que começares.
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