Reservado – Crítica da Minissérie

A minissérie dinamarquesa Reservado (Reservatet no original) apresenta-nos uma história repleta de segredos à volta do desaparecimento de uma au pair que trabalha para uma família rica. O episódio de estreia é envolvente o suficiente para fazer querer continuar a ver e o melhor é que a série se torna mais interessante à medida que avança, sem perder o fulgor inicial. Estas séries perdem tantas vezes o apelo pelo meio que fico genuinamente satisfeita quando terminam num nível superior àquele com que começaram.

A investigação do desaparecimento de Ruby levanta questões interessantes que nos fazem avaliar a vida dos patrões (não apenas Rasmus e Katarina, mas todos os privilegiados como eles) em oposição à das au pair. Em termos de thriller, a série também é mais do que competente e tem o mérito de o desfecho parecer verdadeiramente fazer sentido. Porque as pistas estão lá ao longo dos episódios, só precisamos de ir reunindo mais informação à medida que vamos andando. Às vezes as séries têm dificuldade em apresentar uma história coesa, quase como se, apesar daquele resultado, o caminho para lá chegar não batesse certo.

Cecilie, que tem que ser considerada a protagonista, é a personagem mais complexa da série e há algo de relatable nela, mas depois acaba por desiludir. Não consigo esquecer que ela passou uma esponja no passado do marido. Mike violou, não fez uma parvoíce de juventude como roubar um carro ou envolver-se numa rixa de bar. Independentemente da idade e das circunstâncias, uma violação é um crime imperdoável. No entanto, a relação entre Cecilie e Katarina revela-se uma das dinâmicas mais interessantes de Reservado. É com a amiga que Katarina parece mostrar o seu lado mais autêntico, para o bem ou para o mal. Houve ali um ou dois momentos em que Kat revelou vulnerabilidade e que foram especialmente bem interpretados.

Acho que podíamos ter tido uma série completamente diferente se a história fosse contada do ponto de vista das au pair, mas isto é só um devaneio. A minissérie está perfeitamente bem assim. Só que a relação de Angel com Viggo foi uma das melhores partes e não tivemos muito disso. Acho que o facto de estas crianças se afeiçoarem tanto a uma pessoa que é paga para tomar conta delas diz muito daquilo que recebem (ou recebem por defeito) dos pais. Cecilie e Mike não pareciam maus pais, é uma verdade, mas era junto de Angel que Viggo procurava conforto.

Melhor episódio:

Episódio 5 – Katarina pede a Cecilie para fazer uma coisa difícil por ela, o que proporciona alguns bons momentos dramáticos. Numa trama que até aqui vinha a ser secundária, o diretor de turma de Viggo descobre que os miúdos andam a partilhar material pornográfico e violento e convoca os pais todos. Já era claro que aquele “joguinho” entre rapazes privilegiados era perturbador, mas aqui começamos a perceber a verdadeira dimensão da questão. No entanto, Katarina preocupa-se menos com o facto de poder ter criado um rapaz desprezível e mais em salvar-lhe a pele e age como se aqueles que o querem responsabilizar fossem os maus da fita.

Personagem de destaque:

Angel (Excel Busano) – Estive quase até à última da hora para escolher Cecilie, mas depois cheguei à conclusão de que não o merecia. Em muitas coisas, ela é completamente diferente de Katarina, mas é, no final de contas, mais uma privilegiada que não faz ideia do que a vida é para mulheres como Angel ou Ruby e acaba por ser conivente e proteger os seus quando tem perfeitamente a noção de que isso é errado. De todas as personagens centrais, Angel é a única que é genuinamente boa. É uma boa amiga, cuida da família que a emprega como se fosse a dela e quando – em desespero, suponho, – aceita dinheiro de Viggo, é punida como se tivesse roubado. Foi um erro aceitar dinheiro de uma criança, mas Cecilie não perdoou coisas muito piores? Só pode ser tortura para uma mãe ter que deixar o próprio filho para cuidar de outras crianças, mas foi a única forma que ela arranjou de poder proporcionar um futuro melhor ao menino. Angel merece que a vida lhe sorria.

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